As pessoas em geral acreditam que o amor é contagioso, parece que tal intuição é verdadeira, entretanto, é também certo que o ódio contamina pessoas e ambientes de forma intensa, basta observar os discursos de ódio nas redes sociais, eles são provas desta afirmação do ódio contagioso. Um bom exemplo do ódio contagioso é a presença do fascismo nas redes sócias, Ele é a ideologia do ódio em ação, que cresce como erva daninha, pois o ódio é alimentado pelas práticas preconceituosas do fascismo de ontem e de hoje. Spinoza, o filósofo dos afetos, na Terceira Parte de sua ÉTICA DEMONSTRADA EM ORDEM GEOMÉTRICA, escreveu: “Quem imagina ser odiado por alguém e não crê ter-lhe dado nenhuma causa de ódio, também o odiará”. Veja a que ponto a estupidez humana pode chegar. Nos deixamos afetar pela afecção de ódio simplesmente por imaginarmos que alguém nos odeia. Consequência direta disso é que somos no mesmo momento afetados pela tristeza, pois, de acordo com o Spinoza, o ódio “é a tristeza conjuntamente à ideia de causa externa”. O ódio produzido pela imaginação de alguém que supostamente nos odeia tem a mesma força e intensidade da certeza que alguém nos odeia. Dessa afecção virtual ou atual nasce outros afetos degradantes, tais como: a cólera e a vingança, que são gerados pelo esforço para fazer o mal àquele ou aquela que odiamos. Odiar dá trabalho, porque para colocar a maquinaria do mal em movimento é necessário muito esforço, e essa ação laboriosa da vingança alimenta e multiplica o ódio em nossa vida. Além disso, este circulo de morte do ódio reciproco só é destruído pelo amor, pois somente uma força contrária e de maior intensidade pode combater outra força, assim só a força do amor é capaz de neutralizar a força do ódio. Se a imaginação que alguém nos odeia produz o ódio em nós, o Spinoza também diz que “se alguém imagina que é amado por uma pessoa e julga não lhe ter dado nenhum motivo para isso, amará também essa pessoa por sua vez”, afinal o amor é muito mais contagioso do que o ódio, pois ele é construtivo enquanto que o ódio é devastador, suas ações são destrutivas. Não devemos acordar este sentimento, pois o ódio dinamiza e libera a besta fera que dormita em nosso universo interior, quando somos dominados por ela a ferocidade e a violência toma conta de nossas ações, pois, como escreveu Spinoza, “aquele que odeia esforça-se para afastar e DESTRUIR a coisa de que tem ódio”. A vida é melhor quando prevalece as práticas do amor, ele é tolerância, respeito e solidariedade, por isso precisamos deixar dormindo está fera do ódio que habita em nosso universo interior e é intolerância, desrespeito e egoísmo. Como escreveu Marcel Camargo, “A intolerância é a mãe do preconceito, da exclusão, do racismo, de tudo, enfim, que segrega, separa e agride o que não se aceita, o que não se acha normal, o que incomoda sem nem haver razão. Sim, é preciso tolerar e aceitar as pessoas como elas são, porém, conservando-nos o direito de nos afastar cordialmente de quem não nos agrada”, e não odia-las ou destruí-las. Temos que lutar, por uma vida não fascista, por uma vida sem ódio!
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