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  • cleverfernandes196

EPICURO, PRAZER E FELICIDADE

Atualizado: 18 de fev. de 2021

Para Epicuro o prazer é o princípio e o fim da vida feliz, porém isso é diferente do hedonismo, pois não existe para o pensador uma relação mecânica e simplista entre isso e aquilo… Os prazeres que produz felicidade não são necessariamente os da sensualidade e dos desmedidos. Prazer pelo prazer. Epicuro produz uma hierarquia que passa dos desejos naturais e necessários ao não naturais e desnecessários. Para ele existe uma equação entre prazer e dor, na realização dos desejos temos o máximo prazer e a ausência da dor, mas se não pararmos teremos ausência do prazer e a intensificação da dor. É neste sentido que o glutão não é feliz, a glutonaria gera prazeres transitórios, uma vez que também geram efeitos colaterais. O beberão não é feliz, pois a ressaca após uma noite de prazer tomando muito vinho o lança numa situação infernal, de dor e sofrimento, que sufoca o efêmero prazer vivido. A moderação e equilíbrio são as marcas do pensamento feliz para Epicuro, pois o prazer é fruto da ausência de perturbação do corpo e da alma. Num movimento oposto ao sonho de muitos, Epicuro afirma que não é a riqueza, a possibilidade de consumir tudo que se deseja, ou a obtenção de cargos de prestígio ou de poder que garantem a felicidade, já que tudo isso é passageiro e fulgaz, são apenas gozo e a alegria. Para ele, gozar de uma vida feliz não está ligado à abundância material, ou ao poder político e econômico, nem mesmo a fama, eles são prazeres movestes e flutuantes; ao contrário dos prazeres estáveis frutos da ausência de perturbação e de dor. Neste sentido ele escreveu:

“Quando dizemos, então, que o prazer é fim, não queremos referir-nos aos prazeres dos intemperantes ou aos produzidos pela sensualidade, como crêem certos ignorantes, que se encontram em desacordo conosco ou não nos compreendem, mas ao prazer de nos acharmos livres de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma”.

Viver apreciando a vida com moderação e equilíbrio, mas isso não significa viver sem intensidade. Temos que conquistar este equilíbrio e essa moderação, num processo filosófico. É importante que se diga, não existe um momento específico para realizar isso, de acordo com Epicuro, é bom não procrastinar, pois “nunca se protele o filosofar quando se é jovem, nem canse o fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro para conquistar a saúde da alma. E quem diz que a hora de filosofar ainda não chegou ou já passou assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz”.

O prazer da vida feliz está naquilo que, muito tempo depois, Spinoza denominou beatitude. Neste conceito podemos ouvir ressonância epicurista na produção spinozano, no Preâmbulo do Tratado Político e no seu livro maior a Ética.



Créditos a Gabrielle Paixão no desenho "Liberdade e prazer".

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