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  • cleverfernandes196

SAUDADES DO MEU PAI

Hoje completou 20 anos do falecimento do meu pai, Euripedes Fernandes Alves (1940-1998). O dia 1 de agosto de 1998 foi para mim uma dia de profunda tristeza, tornei-me órfão de pai. Tenho consciência, que a orfandade é condição humana, pois nascemos sozinhos e, ao longo da vida, temos que definir os rumos da existência de forma quase sempre solitária, pois a vida é um projeto subjetivo. O falecimento paterno intensifica essa condição. Meu pai lutou contra um câncer no aparelho respiratório, tudo indica provocado pelo tabaco, pois foi fumante a vida toda. Ele Sofreu muito, dores inimagináveis o contorcia na cama, sem dúvida algo triste de se ver e lembrar. Homem forte, nunca o vi reclamar de dores mesmo na fase terminal da doença. Se ele estivesse vivo, dia 28 de setembro 2018,  completaria 78 anos. Posso afirmar que meu pai foi um homem muito bom, honesto, generoso, amoroso e muito trabalhador. Como filho de uma família camponesa começou a trabalhar muito cedo, aos 8 anos de idade, na lida do campo. No Brasil de outrora os filhos dos camponeses não tinhão direito a infância e, consequentemente, não tinha acesso as escolas. Lamento que o nosso país esteja retroagindo e poderemos viver novamente essa situação que meu pai foi obrigado a viver. Mas, como muitos brasileiros o meu pai fez o êxodo rural, abandonou o campo e tornou-se mecânico profissional, profissão que abraçou por toda vida. Ele trabalhou em várias empresas de construção civil pelo Brasil, posso dizer que foi mais um destes anônimos que verdadeiramente são os construtores do nosso país. Uma vida dedicada ao trabalho e a família. Lembro-me de muitos momentos felizes compartilhados com este grande homem, o que gera muita saudade. Como hoje completa duas décadas sem ele, resolvi escrever este texto e com isso prestar uma singela homenagem ao meu querido pai e assim expressar minha gratidão por tudo que ele fez por mim. Ele que me ensinou muitas coisas importante para minha vida. Tenho consciência do seu sacrifício e de sua dedicação na difícil arte paterna. Ser pai é para os fortes, uma vez que não existe uma receita ou um manual de instrução para os pais seguirem quando se tornam pais, por isso a paternidade é sempre repleta de dificuldades e desafios.  Como filho, posso dizer juntamente com os meus dois irmãos, Carlos Alberto, Eurípedes Junior, que ele soube superar as dificuldades e os desafios exercendo com sucesso a sua paternidade. Foi um grande pai soube dosar vigor e ternura nos momentos de orientações na nossa infância, adolescência e juventude. Não estou dizendo que ele não errou, como todos os pais disse não quando poderia ter falado sim e, também fez o contrário, disse sim quando deveria dizer não. Mas acertou mais que errou. Foi um pai presente. Sua morte nos deixou devastados, como toda a perda dos que amamos é sempre devastadora, sofremos a hostilidade do tempo sobre nossa cabeça e nosso coração. Como escreveu o filósofo Bachelard:

Como o luto mais cruel é a consciência do futuro traído e, quando sobrevém o instante lancinante em que um ente querido fecha os olhos, imediatamente se sente com que novidade hostil o instante seguinte ‘assalta’ nosso coração“.

A partir daquele instante ficaria apenas a dor da saudade. O futuro sonhado foi traído com aquele fatídico instante. Ele não pode ver seus netos e netas crescerem. A tristeza da morte bateu à porta de nossa casa muito cedo, para os que amamos a morte é sempre vem cedo demais. Apesar de tudo, me lembro dele com alegria. Ainda sinto sua doce presença! Sinto saudades, e mesmo sendo a saudade um sentimento entristecedor, é ela que me faz lembrar os momentos felizes que compartilhamos, daqueles instantes onde o sorriso nos faz perceber como a vida é boa, e como fui uma pessoa de sorte por tê-lo como pai. Viver é uma dádiva. E viver pode ser uma festa quando valorizamos estes momentos do e no convívio diário, na rotina banal da convivência cotidiana que, lamentavelmente, muitas vezes, não valorizamos. Mas eu me lembro de muitos destes instantes banais vividos com meu pai, momentos que recordo com carinho. Sou uma pessoa feliz, pois tive um pai fantástico, e agradeço à Deus pelo pai que tive… É na saudade que posso dizer que meu pai continua presente aqui.

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