top of page
cleverfernandes196

MAQUIAVEL ENTRE A VIRTUDE E A FORTUNA

Atualizado: 18 de fev. de 2021

Para Maquiavel existem dois fatores que determinam as ações humanas. A virtude e a fortuna, e para o ele metade de nossas ações são frutos da fortuna/da sorte e a outra metade é fruto da virtude. Por virtude, Maquiavel entende a capacidade pessoal, a habilidade, a inteligência, a postura da pessoa frente aos acontecimentos. Assim, essa força como condição pessoal está em nossas mãos, temos controle. Ao contrário da fortuna, a sorte, é para Maquiavel o próprio curso acontecimentos que não dependem da vontade humana. Para deixar claro, Maquiavel elaborou uma metáfora muito eloquente. Vamos ler o que escreveu o pensador Florentino sobre a fortuna, no o Príncipe:

“Comparo-a a um desses rios impetuosos que, quando se encolerizam, alagar as planícies, destroem as arvores, os edifícios, arrastam montes de terra de um lugar para outro: tudo foge diante dele, tudo cedo ao seu ímpeto, sem poder obstar-lhe”

Então para Maquiavel, nesta metáfora, o curso dos acontecimentos são comparáveis a força de um rio impetuoso e imprevisível. Mas, na sequencia do texto, o pensador mostra que não estamos tão vulneráveis assim aos ventos da fortuna. Ele escreveu: “se bem que as coisas se passem assim não é menos verdade que os homens, quando volta a calma, podem fazer reparos e barragens, de modo que, em outras cheias, aqueles rios correrão por um canal e o seu ímpeto não será tão livre nem tão danoso. Do mesmo modo, acontece com a fortuna; o seu poder é manifesto onde não existe resistência organizada, dirigindo ela a sua violência só para onde não se fizeram diques e reparos para contê-la”

Então para Maquiavel é possível resistir aos ventos da fortuna, e o modo é o planejamento. Não só fica atento aos acontecimentos, não só diagnosticar, é preciso antecipar. Não é apenas dar remédio certo para doença diagnosticada, é preciso criar uma vacina, um remédio que posso resistir a força impetuosa da fortuna.

Para finalizar, vamos ler mais um trecho d’O Príncipe, que lamentavelmente revela uma dose imperdoável de machismo do pensador.

Maquiavel escreveu:

“Concluo, portanto, por dizer que, modificando-se a sorte, e mantendo os homens, os homens, obstinadamente, o seu modo de agir, são felizes enquanto esse modo de agir e as particularidades dos tempos concordarem. Não concordando, são infelizes. Estou convencido de que é melhor ser impetuoso do que prudente ou ajuizado, porque a sorte é mulher e, para dominá-la, é preciso bater-lhe e contraria-la. E é geralmente reconhecido que ela se deixa dominar mais por estes do que por aqueles que procedem friamente. A sorte, como mulher é sempre amiga dos jovens porque são menos ajuizados/prudentes, mais ferozes e com maior audácia a dominam”

3 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Kafka

Comments


bottom of page