Duas coisas são fundamentais na vida humana: ENCONTRO E DIÁLOGO. Na verdade a existência humana começa com um encontro marcante entre o filho e sua mãe ou com quem a represente neste papel e, consequentemente, com os outros membros da família. Depois deste encontro originante neste universo doméstico, a existência é marcada por múltiplos encontros, alguns maravilhosos e outros trágicos. Mas, uma coisa é certa, os encontros para o bem ou para o mal modificam muito nossa vida, pois somos transformados e lançados numa dinâmica a partir destes múltiplos encontros nos caminhos da e na vida. Os encontros nos desterritorializa o tempo todo e nos tira da inércia. A vida é encontro.
A dinâmica do encontro é mediada pelo diálogo que, a partir da tipologia buberiana, são basicamente de três formas:
1. O DIÁLOGO AUTÊNTICO, acontece quando os participantes tem de fato em mente o outro ou outros na sua presença. Nele existe uma reciprocidade viva, pois o interesse, a intenção e a atenção estão presentes o tempo todo no ato dialogal.
2. O DIÁLOGO TÉCNICO, no qual o outro não importa tanto, pois a motivação dialogal limita-se ao entendimento objetivo, uma pessoa fala e a outra por necessidade escuta, muitas vezes, para apenas executar uma ordem. Ouvir e obedecer não é bem um diálogo.
3. O MONÓLOGO, uma farsa de diálogo, onde as pessoas falam, cada uma consigo mesmo, e não existe atenção e nem intenção, apenas o falatório ou palavrório. Nele ninguém ouve ninguém.
Analisando essa tipologia, podemos afirmar que os diálogos autênticos são raros em nossas vidas, pois não estamos dispostos ou interessados em realizar o movimento básico deste tipo de diálogo e sem um autêntico voltar-se-para-o-outro não existe diálogo possível. Na verdade parece que estamos satisfeitos com a farsa dialogal da vida social, que ora se apresenta na forma autoritária dos diálogos técnicos ora nos monólogos que geram, não um movimento em direção ao outro, mas, um dobrar-se-em-si-mesmo para ver o próprio umbigo, lamentavelmente é o que mais acontece.