Que McDonald’s é uma marca consagrada isso é óbvio, conquistou o mundo a partir da segunda metade do século passado. O fast-food conquistou e foi além do que se propôs. McDonald’s virou estilo de vida, seu slogan “amo muito tudo isso” (“I’m lovin’ it”, na versão em inglês) virou bordão na boca de muitos a partir de 2003, quando se tornou aquilo que o marketing chama de conceito do produto. Mas o sociólogo estadunidense George Ritzer nos revela numa criação conceitual incrível que na verdade temos uma “McDonaldization” da sociedade. “O amo muito tudo isso” extrapolou os produtos e desaguou na vida. As pessoas não amam apenas os sanduíches McDonald’s, mas tudo o que eles representam. Sem dúvida, a grande inovação da marca foi seguir um processo passo a passo para chegar a um resultado final rápido e eficiente. McDonald’s tornou-se na década de 1950 a indústria da produção de hambúrguer, aplicou de forma precisa o taylorismo na construção em série dos seus sanduíches. Numa linha de produção, tal qual nas antigas montadoras de automóveis, cada funcionário é responsável por uma etapa no preparo do sanduíche, “seguem um conjunto de instruções para preparar cada tipo de sanduíche em um processo que tem começo, meio e fim. O processo é eficiente, previsível, calculável e controlado“, tudo que as pessoas numa sociedade McDonaldizada desejam, sonham, ou melhor, amam. As pessoas McDonaldizadas esperam encontrar a fórmula para criar seus filhos, educar seus alunos, acertar na vida conjugal, ter sucesso na vida profissional e até na vida sexual. As livrarias estão lotadas de títulos que oferecem receitas para o sucesso e para conquistar a felicidade de toda sorte. Os livros de autoajuda têm respostas para tudo. Além desses livros, temos os especialistas em conselhos, “os coachings” oferecem soluções para os nossos problemas, como se viver fosse seguir as instruções escritas num livro de receita. Estamos contaminados ou programados numa cultura imediatista, pragmática e utilitarista. Estamos vivendo numa sociedade McDonaldizada, é a própria MCDONALDIZAÇÃO DA VIDA. Contudo, a vida não segue receitas, não existem receitas para aplicarmos em nossas vidas, temos que aprender tendo atenção as múltiplas experiências que vivenciamos do nascer ao morrer. A filosofia pode nos oferecer um pouco dessa atenção necessário para o viver, por isso é necessário cultivar a filosofia, pois ela é o oposto de tudo isso. Não temos soluções imediatas para quase nada na vida, ela é sempre fluida e incerta. Vamos dizer não a mcdonaldização da vida.
Referência Bibliográfica:
TEIXEIRA, João de Fernandes. POR QUE ESTUDAR FILOSOFIA? São Paulo: Paulus, 2016, p.18.