Este Blog foi criado para pensar filosofia e suas conexões com a arte e a vida. Nele pretendo produzir filosofia e, sei que, quando falamos que vamos trabalhar com ela, sempre vem a velha questão: o que é filosofia? De forma objetiva, posso dizer que a compreendo a partir da definição proposta e operacionalizada por Gilles Deleuze (1926-1995). Lendo o conjunto de sua produção fica claro como ele pensa e faz Filosofia, com F maiúsculo. Em sua maturidade intelectual sintetizou sua visão sobre ela numa obra intitulada “Qu’est-ce que la philosophie?” (Paris, 1991) [“O que é a filosofia?” (Rio de Janeiro, 1992)], esta assinada também por Felix Guatarri. Neste livro os filósofos franceses advogam que filosofia é uma produção, uma criação, uma invenção de conceitos. Ela é uma forma de pensamento. Deleuze e Guattari afirmam que temos três modos diferentes de pensar: a ciência, a arte e a filosofia. Todas são criativas, pois enquanto a arte pensa criando perceptos e afetos; a ciência pensa produzindo leis e teorias cientificas; e a filosofia pensa produzindo conceitos. A beleza dessa perspectiva deleuziana de filosofia é que ela elimina aquele ranço de algumas definições que defendem uma filosofia estéril que apenas reflete sobre e não produz nada, além disso, buscam colocá-la em um pedestal acima de todas as outras formas legítimas e autônomas de pensamentos. Ela não é nem superior e nem inferior em relação às outras formas do pensamento humano. A ciência não precisa dela para legitimar ou fundamentar seu pensar. Da mesma forma, as expressões artísticas produzem seu pensar independentes dela. Por isso, não pretendo fazer aqui um tipo de filosofia da arte ou reflexão sobre a arte, minha intenção é pensar filosoficamente a partir da arte; e, também não irei elaborar uma filosofia da vida, quero pensar a vida. Algumas pessoas pensam que seria bom que a vida tivesse uma receita, para seguirmos o passo a passo, e assim conseguiríamos o sucesso e a felicidade, porém esquecem os adeptos dessa visão determinista (religiosa ou não) que as melhores receitas são aquelas que produzimos na tentativa e erro na cozinha da vida. Como não existem receitas para viver bem, apenas recomendo aquilo que o poeta Guilherme Arantes escreveu: “Cuide-se bem! Perigos há por toda parte; E é bem delicado viver; De uma forma ou de outra; É uma arte, como tudo…”. Assim, viver é uma arte muito perigosa, precisamos de atenção, cuidado e coragem. Por isso, quando afirmei que vou pensar a partir da vida, não pretendo produzir receitas do bem viver ou algo tipo autoajuda, a intensão é elaborar alguns pensamentos a partir da vida e da arte em geral e, em particular, o cinema e a literatura. Espero que encontre algo que lhe interesse. Boa leitura!
cleverfernandes196
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